sábado, 31 de julho de 2010

18° Domingo do Tempo Comum


18° Domingo do Tempo Comum
Evangelho: (Lc 12, 13-21)


Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?” E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’. Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e construir maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’ Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda nesta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’ Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.



COMENTÁRIO
A liturgia deste domingo nos fala de partilha, mas não daquela partilha do jeito que Deus ensina. Fala de uma divisão gananciosa, fala de herança. Como se diz em linguagem jurídica, fala de divisão obrigatória, legal e de direito.
Onde quer que Jesus esteja sempre tem alguém ao seu redor pedindo alguma graça ou favor. Nesta passagem do Evangelho, Jesus é solicitado para resolver problemas de dinheiro. Jesus aproveita o exemplo destes dois irmãos para entrar no assunto que pretendia

Jesus não quis se envolver com problemas de herança, mas não perdeu a oportunidade para mostrar o valor da herança espiritual. Usou como exemplo o comportamento desses irmãos para mostrar para toda multidão que, não são os bens materiais que trazem segurança e felicidade.
São outros os tesouros que devem ser acumulados, diz Jesus. O tesouro que Jesus se refere, chama-se partilha, porém no seu verdadeiro sentido. Para Jesus, partilha vai muito além da obrigação e da lei dos homens. A verdadeira partilha é fruto do amor e, é espontânea, por isso traz mais satisfação para quem distribui do que para quem recebe.
A parábola narrada por Jesus mostra o comportamento de um homem avarento e ambicioso, que tem uma única preocupação; trabalhar para enriquecer ainda mais, pois já era rico. Seus celeiros estavam lotados e já não tinha mais onde armazenar o produto de sua colheita.
Pouco sabemos sobre ele, porém podemos concluir que não lembrou-se dos necessitados, nem quis saber dos miseráveis e famintos. Certamente sentia-se isento de culpa pela péssima distribuição de renda e não se achava responsável pelos desempregados e sem terras que, certamente, já existiam naquela época.
Nem sequer pensou naqueles lavradores que, em troca de um mísero salário, plantaram e colheram para ele. Considerava um desperdício vender a colheita a preço acessível e uma loucura doar parte dela. Nunca lhe passou pela idéia investir uma parte de seus bens para gerar empregos e amenizar a fome.
Esta parábola deve servir de alerta para cada um de nós. Ninguém está proibido de trabalhar e de poupar para o futuro, porém é preciso lembrar que o nosso tempo de vida não é proporcional ao volume de dinheiro e de bens que acumulamos.
Nada mais justo do que agradecer a Deus se hoje estamos radiantes de alegria e sem problemas de saúde ou financeiros. Agradecer também pelo dinheiro e pelos bens. No entanto, não é segredo que essa calmaria não é perpétua. Só temos uma certeza, sabemos que estamos vivos agora, mas nada sabemos sobre o próximo minuto, quanto mais do amanhã. Isso é válido para o pobre e para o rico.
O rico perante Deus é aquele que não acumula riquezas para si, mas sim para o bem do próximo. Trabalha de sol a sol para o bem comum, não é avarento e muito menos esbanjador. Sabe valorizar seus bens, porque são necessários para a sobrevivência e para uma vida digna.
O rico de verdade, sabe distribuir amor e, acima de tudo, sabe que basta manter seus celeiros transbordantes de boas obras, para garantir a sua parte na Herança Eterna.

Oração da Consagração a Nossa Senhora


Oração da Consagração a Nossa Senhora

Virgem Imaculada! Minha Mãe Maria!
Eu renovo hoje e sempre,
a consagração de todo o meu ser,
para que disponhais de mim para o bem de todos.
Somente peço que eu possa,
minha Rainha e Mãe da Igreja,
cooperar fielmente com a vossa missão de construir
o Reino de vosso Filho Jesus no mundo.
Para isso, vos ofereço minhas orações, sacrifícios e ações.

Ó Maria concebida sem pecado,
rogai por nós que recorremos a vós
e por todos quantos não recorrem a vós,
especialmente pelos inimigos da Santa Igreja
e por todos quantos são a vós recomendados.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

O idoso na Igreja e na sociedade

O idoso na Igreja e na sociedade



Dom Eurico dos Santos Veloso

O mundo atual tem provocado uma grande inversão de valores. Antigamente, respeitavam-se os mais velhos porque se acreditava que a sua experiência lhes conferia sabedoria. Os conselhos, as advertências deles eram de grande valia na solução dos obstáculos que os jovens deveriam enfrentar. Havia mesmo um consenso popular de que se deveriam respeitar os cabelos brancos dos idosos.


Sabemos que idade não confere a ninguém santidade, mas sabemos também que os idosos já sofreram maiores decepções, já lutaram, já realizaram alguma coisa que os mais novos estão começando a querer realizar. Além disso, os sofrimentos por que passa uma pessoa que já viveu mais burila o seu Ser, tornando-o mais capaz de compreender a vida como um todo.


O episódio da pecadora que estava sendo apedrejada nos remete a uma reflexão oriunda de um pequeno detalhe. Quando Jesus adverte de que quem não tiver culpa atire a primeira pedra, o texto fala que todos foram saindo, a começar pelos mais velhos.


Bem, podemos pensar que os mais velhos, por terem vivido mais, erraram mais. Porém, podemos pensar também que os mais velhos, justamente por terem vivido mais, têm maior consciência de suas faltas, por experiência e por terem desenvolvido, através dos anos, maior consciência do que é certo ou errado.


Grande parte ou a maioria das pessoas tem preconceito contra o idoso. Acham que ele é “gagá”, que não fala coisa com coisa, que está desatualizado. Mas se esquecem que esse velho “gagá” foi quem construiu alguma coisa para que ele, jovem, hoje, tenha condições de vida melhor. Esquece-se também que os jovens de hoje serão os velhos de amanhã e com menos jovens para cuidar deles.


Na Igreja também sentimos às vezes, esse preconceito, infelizmente. Alguns preferem ouvir a homilia de um padre jovem e despreza as palavras de um padre idoso. Também alguns leigos idosos são rechaçados no seu trabalho pastoral, pela preferência pelo leigo jovem. É a sociedade influindo negativamente na Igreja.


Precisamos de sangue novo, é certo. Renovar é sempre positivo. Mas precisamos nos lembrar de que o espírito jovem não é privilégio dos moços. Há idosos que têm o coração cheio de amor, de esperança, de otimismo e que podem dar o seu quinhão por uma Igreja cada vez mais anunciadora do Evangelho. E há jovens que questionam tudo, sem encontrar soluções e que não têm nada a acrescentar ao enriquecimento da sociedade. É bom lembrar que existem jovens na idade e velhos na mentalidade; velhos na idade e jovens na mentalidade.


Na verdade, podemos debitar isto a jovens e velhos que, em busca de valores temporais, estão deixando de lado os valores eternos. A sociedade precisa ser revista, analisada novamente e refeita.

O amor não tem idade. Pode florescer e crescer no coração de crianças, de jovens, de adultos, de idosos. Afinal, somos todos Igreja e o respeito ao idoso deve ser uma demonstração de maturidade e de respeito em favor de um reconhecimento da colaboração que os idosos oferecem e podem oferecer a Igreja e ao mundo.



Fonte: WWW.cnbb.org.br

Como surgiu o Rosário?


Como surgiu o Rosário?
Desde o século IX, a recitação dos salmos era a oração oficial da Igreja, conhecida como Liturgia das Horas. Os 150 Salmos recitados pelos monges eram assistidos pelos fiéis que desejavam participar desta prática de oração. Isto, porém, para a época era muito difícil, pois a maioria do povo não tinha acesso ao estudo, poucos sabiam ler e, para decorá-los era impossível.



Foi então, que um monge teve a iniciativa de recitar 150 Pai-Nossos em substituição aos Salmos.



Paralelamente à recitação dos Pai-Nossos, foram introduzindo a expressão bíblica da Saudação Angélica e a Exclamação de Isabel, como recitamos hoje na Ave-Maria.



No século XIII alguns teólogos perceberam que alguns Salmos continham certas profecias sobre os mistérios da redenção. Assim, compuseram uma série de louvores e preces a Jesus e deram o título de “Saltérios de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.



Por volta do ano 1365, o monge Cartuxo Henrique de Halkar separou as 150 saudações angélicas em dezenas, intercalando entre cada dezena um Pai-Nosso.



Mas foi, especificamente, por meio de um frade Dominicano – Alan de Rupe -, em 1470, que teve origem o Rosário com um pensamento recitado junto a cada Ave-Maria.



No século XV, com o Renascimento, houveram grandes mudanças no pensamento, nas artes, na vida cristã e na liturgia da Igreja. Era um novo florescimento e um novo desafio para a Igreja.



O Rosário também passa por reformulações. Passa a citar um só pensamento entre cada dezena, relembrando os principais mistérios da redenção, formando-se assim os 15 mistérios do Rosário.



Em 16 de outubro de 2003, o Papa João Paulo II acrescenta um novo bloco de 5 mistérios (mistérios luminosos), para completar as contemplações do mistério de Cristo, totalizando em 20 mistérios.

Santidade é possível?


“Antes que no seio fosses formado, eu já te conhecia; antes de teu nascimento, eu já te havia consagrado”. Jeremias 1, 5
As palavras do livro de Jeremias nos lembram o quanto somos preciosos aos olhos de Deus, pois Ele já pensava em cada um de nós quando criou o seu plano de amor para a humanidade.
Essa verdade é a maior alegria que podemos experimentar, pois nem a maior das decepções pode tirar de nós a certeza de que estamos sendo cuidados e amparados por Deus, que nos conhece e ama como filhos verdadeiros.
Mas você pode se perguntar: qual a relação disso tudo com a santidade?
A resposta é simples: o desejo de buscar a santidade é uma resposta positiva a esse Amor de Deus por nós.
Quando nos sentimos verdadeiramente amados e acolhidos por Deus, nossa vontade é de restribuir a todo esse Amor. E como fazemos isso? Buscando viver a vida de acordo com o plano de Deus para nós, ou seja, buscando a santidade.
Podemos perceber, portanto, que a santidade nada mais é do que o acolhimento da vontade de Deus na nossa vida.
Por isso, jovem, se você quer buscar a santidade, tente antes experimentar um pouco do infinito Amor de Deus por você e abra o seu coração para acolher as Suas palavras.
Tomar a consciência da própria dignidade é o passo mais importante na jornada que nos leva à santidade. Revestidos da condição de filhos queridos de Deus, todo o caminho restante ficará mais fácil, mas, ainda assim, muitas etapas terão que ser vencidas.
O primeiro ponto que precisamos entender é que santidade não é sinônimo de perfeição, pois nem os maiores santos da história da Igreja foram seres humanos perfeitos. Somente Deus é perfeito!
Essa realidade não deve nos desanimar, pois a beleza da busca pela santidade está justamente em cair diversas vezes, mas ter coragem e humildade de se reconhecer pecador, dependente da misericórdia divida e se levantar novamente! Cristo Jesus nos mostra o quanto Deus é humano e o quando os homens podem ser divinos. Contemplando a sua face, podemos sentir o quando Deus nos ama e deseja que retornemos a Sua casa.
Outro aspecto que podemos destacar é que a santidade não é uma conquista instantânea, mas sim um longo processo de vida. Para ilustrar esse argumento, temos o grande exemplo de São Maximiliano Kolbe.
Padre Kolbe doou sua vida para salvar um pai de família no campo de concentração nazista de Auschwitz. Quando olhamos para seu exemplo de vida, nosso primeiro ímpeto é pensar no quanto este grande homem está distante de nossa realidade. Como ele pôde fazer tão grande ato de amor?
O que, entretanto, precisamos perceber é que o que fez de Padre Kolbe um grande santo, não foi esse ato final de sua vida, mas sim uma vida toda dedicada a Deus, à Nossa Senhora e ao próximo. O ponto importante disso tudo é que Maximiliano Kolbe foi trilhando aos poucos o caminho da santidade e que cada pequena oferta de si mesmo o preparou para a grande oferta da sua vida!
Por isso, jovem, quando você contemplar os grandes santos da igreja, tente descobrir suas histórias de vida, pois você verá que eles foram homens e mulheres com dificuldades, problemas e pecados, mas que, acima de tudo, optaram por acolher o sonho de Deus em suas vidas.
Todos nós somos um sonho de Deus, pois, como falamos no início deste texto, Ele já havia pensado em cada um de nós antes da criação. Então, porque você não assume a sua condição!
Santidade é desafio! Santidade é correr contra a onda do mundo de hoje! Santidade é ir além do óbvio!
Você tem coragem?

filme Poder Além da Vida


PROGRAMA NOTA 10

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E aí galeraaaaaa!

Quem gosta de ver filme?


Nós também; e sabemos como é difícil às vezes, com tanta coisa para assistir, escolher um filme bom. Acontece que às vezes a gente pega só filme ruim, e os ótimos – nem ficamos sabendo.

Há muitos filmes por aí que tem valores sólidos para aqueles que são consagrados totalmente e sem reservas à Imaculada que nos ajudam e edificam; Basta saber aonde e como olhar para ver que Deus também quer falar para nós através do cinema. Então decidimos criar essa página para que você ficasse ligado quando tem um FILME NOTA 10!




Este mês, queremos indicar o filme Poder Além da Vida, da FocusFilms, que pode ser encontrado na maior parte das locadoras e também comprado pelo internet. Realmente, este recebeu a nossa NOTA 10!....



“Você é feliz?”
Dan Millman era um jovem popular, ginasta aspirante para as olimpíadas, estudante excelente, e pensava que tinha de tudo: meninas, amigos, sucesso, e festas “animais”. Mas quando um velho estranho (Sócrates) lhe faz essa pergunta, Dan não sabe responder. Fala do que tem, mas não do que é. Antes de encontrar Sócrates, Dan era um jovem normal, com tudo o que o mundo diz que importa. Mas depois, as perguntas do Sócrates começa a incomodá-lo e ele começa a enxergar as coisas um pouco diferente e encontrar suas próprias respostas. Quando sofre um acidente grave de moto, a vida de Dan faz uma reviravolta e tudo que lhe era certo tem que ser reavaliado. Como fica agora as olimpíadas, o sucesso, os amigos? ...Mas não vou falar mais nada, você terá que assistir!



E aí, já assistiu? Não!? Então não perca tempo, corra e vai assistir! Esse é um filme inspirador que, ao final, te dá vontade de sair, e começar percorrer o seu caminho. “Não existe início, nem chegada – apenas o Caminho...”



Depois que assistir comenta aí, o que achou do filme? O que mais te chamou a atenção? Se tem alguma coisa em que você se identificou com o Dan?

terça-feira, 27 de julho de 2010

Sou o Padre Bacilom




“Que poderei retribuir ao Senhor Deus por tudo aquilo que Ele fez em meu favor? Elevo o cálice da minha salvação, invocando o nome santo do Senhor. Vou cumprir minhas promessas ao Senhor na presença de seu povo reunido”. (Sl 115,12-14)

Evangelho do dia Mateus. (Mateus 13,36-43)


Evangelho segundo Mateus. (Mateus 13,36-43)
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 36Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41o Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.



Ars transformada pelo santo


Ars transformada pelo santo


Altar com o corpo do santo Cura d‘Ars
Um sacerdote santo torna piedosos seus paroquianos. Assim, apenas três anos e meio depois de sua chegada, o santo Cura já podia escrever: “Encontro-me numa paróquia de muito fervor religioso e que serve a Deus de todo o seu coração”. Em 1827 (seis anos depois), exclamava entusiasmado do púlpito: “Meus irmãos, Ars não é mais a mesma! Tenho confessado e pregado em missões e jubileus. Nada encontrei como aqui”.


É que, ao mesmo tempo em que reprimia os abusos, semeava também a boa semente. E ele aspirava, para seus paroquianos, ao ideal de perfeição do qual os cria capazes. Recomendava-lhes que rezassem antes e depois das refeições, recitassem o Ângelus três vezes ao dia onde quer que estivessem; e que, ao levantar e deitar, fizessem a oração da manhã e a da noite. Esta passou a ser feita também em comum na igreja ao toque do sino. Os que ficavam em casa ajoelhavam-se diante de algum quadro ou imagem religiosa, ali fazendo suas orações.


Com o tempo passou-se a dizer que em Ars o respeito humano fora invertido: tinha-se vergonha de não fazer o bem e de não praticar a Religião. O que é um auge de vitória da Igreja! Ars tornou-se também um centro de piedade e religiosidade.


Por isso, os peregrinos admiravam nas ruas da cidade a serenidade de certos semblantes, reflexo da paz perfeita de almas que vivem constantemente unidas a Deus.

Luta contra blasfêmias e trabalho aos domingos


Luta contra blasfêmias e trabalho aos domingos


Quarto do santo Cura d'Ars
“Blasfêmias e trabalhos nos domingos, bailes, cabarés, serões nas vivendas e conversas obscenas, englobava tudo numa comum maldição”. Por anos a fio pregou contra isso, exortando no confessionário, no púlpito e nas visitas que fazia às famílias. Dizia: “Se um pastor quiser se salvar, precisa, quando encontrar alguma desordem na paróquia, saber calcar aos pés o respeito humano, o temor de ser desprezado e o ódio dos paroquianos [e denunciar o mal]”.


A guerra do santo cura contra as blasfêmias, juramentos, imprecações e expressões grosseiras foi sem quartel; e tão bem sucedida, que desapareceram de Ars. Em vez delas passou-se a ouvir entre os camponeses expressões como Deus seja bendito! Como Deus é bom! Em vez das cançõezinhas chulas da época, hinos e cânticos religiosos.


A luta contra o trabalho nos domingos foi também tenaz e durou quase oito anos. “A primeira vez que do púlpito abordou o tema, fê-lo com tantas lágrimas, tais acentos de indignação, com tal comoção de todo o seu ser que, passado meio século, os velhos que o ouviram ainda se lembravam com emoção. [...] Vós trabalhais, dizia ele, mas o que ganhais é a ruína para a vossa alma e para o vosso corpo. Se perguntássemos aos que trabalham nos domingos 'que acabais de fazer?’, bem poderiam responder: ‘Acabamos de vender a nossa alma ao demônio e de crucificar Nosso Senhor. Estamos no caminho do inferno’”. Depois de muita insistência, em Ars o domingo tornou-se verdadeiramente o Dia do Senhor.


Combate aos bailes durante 25 anos


Ars era o lugar predileto dos jovens dançarinos das vizinhanças. Tudo era pretexto para um baile. Para acabar com eles, o Santo Cura d’Ars levou 25 anos de combate renhido.


Explicava que não basta evitar o pecado, mas deve-se fugir também das ocasiões. Por isso, abrangia no mesmo anátema o pecado e a ocasião de pecado. Atacava assim ao mesmo tempo a dança e a paixão impura por ela alimentada: “Não há um só mandamento da Lei de Deus que o baile não transgrida. [...] Meu Deus, poderão ter olhos tão cegos a ponto de crerem que não há mal na dança, quando ela é a corda com que o demônio arrasta mais almas para o inferno? O demônio rodeia um baile como um muro cerca um jardim. As pessoas que entram num salão de baile deixam na porta o seu Anjo da Guarda e o demônio o substitui, de sorte que há tantos demônios quantos são os que dançam”.

O Santo era inexorável não só com quem dançasse, mas também com os que fossem somente “assistir” ao baile, pois a sensualidade também entra pelos olhos. Negava-lhes também a absolvição, a menos que prometessem nunca mais fazê-lo. Ao reformar a igreja, erigiu um altar em honra de São João Batista, e em seu arco mandou esculpir a frase: Sua cabeça foi o preço de uma dança!... É de ressaltar-se que os bailes da época, em comparação com os de hoje, sobretudo do pula-pula frenético e imoral do carnaval e as novas danças modernas, eram como que inocentes. Mas era o começo que desfechou nos bailes atuais.


A vitória do Pe. Vianney neste campo foi total. Os bailes desapareceram de Ars. E não só os bailes, mas até alguns divertimentos inofensivos que ele julgava indignos de bons católicos.


Junto a eles combateu também as modas que julgava indecentes na época (e que, perto do quase nudismo atual, poderiam ser consideradas recatadas!). As moças, dizia, “com seus atrativos rebuscados e indecentes, logo darão a entender que são um instrumento de que se serve o inferno para perder as almas. Só no tribunal de Deus saber-se-á o número de pecados de que foram causa”. Na igreja jamais tolerou decotes ou braços nus.

“Esforcemo-nos para ir para o Céu”


“Esforcemo-nos para ir para o Céu”


Confessionário onde o Santo Cura d‘Ars atendia fiéis diariamente
Outra de suas solicitudes foi para com a juventude. Atraía todos para o catecismo. Exigia que este fosse aprendido de cor, palavra por palavra, e só admitia à Primeira Comunhão quem estivesse assim devidamente preparado. Instava com os meninos e adolescentes para que cada um levasse sempre consigo o Rosário, e tinha no bolso alguns extras para aqueles que houvessem perdido o seu.


Paulatinamente os esforços do santo foram sendo coroados de êxito, de maneira que os jovens de Ars chegaram a ser os mais bem instruídos da comarca.


Nas missas dominicais, pregava sobre os deveres de cada um para consigo, para com o próximo e para com Deus. Falava constantemente do inferno e do que precisamos fazer para evitá-lo: “Ó, meus queridos paroquianos, esforcemo-nos para ir para o Céu. Lá havemos de ver a Deus. Como seremos felizes! Que desgraça se algum de vós se perder eternamente!”


Ele exigia a devida compostura e atitude própria a bons católicos na igreja, por respeito à Presença Real de Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento.


“Arruinados todos aqueles que abrirem tabernas”


A guerra que moveu contra as tabernas também foi bem sucedida. Aos que a elas iam, em vez de comparecer à missa no domingo, dizia: “Pobre gente, como sois infelizes. Segui vosso caminho rotineiro; segui-o, que o inferno vos espera”. Ameaçava-os de não só perderem os bens eternos, mas também os terrenos.


Aos poucos, por falta de fregueses, as tabernas foram se fechando. Outros tentaram abri-las, mas eram obrigados a cerrá-las. A maldição de um santo pesava sobre eles: “Vós vereis arruinados todos aqueles que aqui abrirem tabernas”, disse no púlpito. E assim foi. Quando elas se fecharam, o número de indigentes diminuiu, pois suprimiu-se a causa principal da miséria, que era moral.

São João Maria Vianney


São João Maria Vianney
O Santo Cura d´Ars

Pouco dotado intelectualmente, atingiu esse santo vigário alto grau de santidade. Seu êxito foi tão grande, que atraiu multidões de todas as partes da França e de vários países europeus


· Plinio Maria Solimeo



O futuro Cura d’Ars nasceu na pequena localidade de Dardilly, perto de Lyon, na França, no dia 8 de maio de 1786, de família de agricultores piedosos. Foi consagrado a Nossa Senhora no próprio dia do nascimento, data em que foi também batizado.


Sua instrução foi precária, pois passou a infância em pleno Terror da Revolução Francesa, com os sacerdotes perseguidos e as escolas fechadas. João Maria tinha 13 anos quando recebeu a Primeira Comunhão das mãos de um sacerdote “refratário” (que não tinha jurado a ímpia Constituição do Clero), durante o segundo Terror, em 1799.(1)


Com a subida de Napoleão e a Concordata com a Santa Sé, foi possível a João Maria iniciar seus estudos eclesiásticos aos 20 anos, terminando-os aos 29, depois de mil e uma contrariedades.


É impossível, nos limites de um artigo, abranger toda a vida apostólica do Cura d’Ars. Por isso limitar-me-ei a abordar um aspecto dela, que foi como transformou a pequena localidade de Ars de modo a tornar-se ponto de admiração de toda a França.


Ars ao tempo da chegada do santo


Quando o jovem sacerdote chegou a Ars, esta era um pequeno aglomerado de casas, contando apenas 250 habitantes, quase todos agricultores. Como a maior parte das localidades rurais da França, sacudidas durante 10 anos pelos vendavais da Revolução Francesa, encontrava-se em plena decadência religiosa. Vivia-se um paganismo prático formado de negligência, indiferentismo e esquecimento das práticas religiosas.


A cidadezinha de Ars assemelhava-se às paróquias vizinhas, não sendo nem melhor nem pior que elas. Havia nela um certo fundo religioso, mas com muito pouca piedade.


Como transformá-la num modelo de vida católica, ambição de São João Batista Vianney?


Santificando-se para santificar os outros


Primeiro, pela oração e pelos sacrifícios do vigário por suas ovelhas. Já no dia de sua chegada, o Padre Vianney deu o colchão a um pobre e deitou-se sobre uns sarmentos junto à parede, com um pedaço de madeira como travesseiro. Como a parede e o chão eram úmidos, contraiu de imediato uma nevralgia, que durou 15 anos. Seu jejum era permanente, habitualmente passando três dias sem comer; e quando o fazia, alimentava-se somente de batatas cozidas no início da semana e já emboloradas. Mas ele sobretudo passava horas e horas ajoelhado diante do Santíssimo Sacramento, implorando a conversão de seus paroquianos.


Uma de suas primeiras medidas práticas foi reformar a igreja que, por respeito ao Santíssimo Sacramento, desejava que fosse a melhor possível.